Apesar da coincidência, isso não está relacionado a nenhum fator genético, segundo a médica obstetra Adriana Totta.
A cozinheira Naira Coelho, de 39 anos, mãe da jovem Amanda Coelho de Jesus, de 23 anos, que deu à luz em casa sem saber que estava grávida, disse ao g1 que isso também aconteceu com ela quando estava esperando a filha. As duas moram juntas em Cuiabá. Apesar da coincidência, isso não está relacionado a nenhum fator genético, segundo a médica obstetra Adriana Totta. [saiba mais abaixo]
Aos seis meses de gestação, Naira não tinha percebido que esperava Amanda, à época. Mas, antes de dar à luz, ela notou a mudança no corpo e passou a ser acompanhada no pré-natal.
Por isso, a mãe não duvida de que a filha também não tenha percebido, de fato, que estava esperando pelo terceiro filho.
"Em momento nenhum eu duvidei de que ela soubesse [da gravidez] porque também já aconteceu comigo, quando estive grávida dela", afirmou.
Segundo Naira, as tias de Amanda ainda tinham desconfiado de que ela pudesse estar gestante por causa do peso que aumentou. De acordo com a mãe, ela chegou a fazer dois testes de gravidez, no entanto, os resultados foram negativos.
Amanda tem três filhos. As duas mais velhas têm seis anos, com diferença apenas de meses.
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Dificuldade para registrar
Ao dar à luz à terceira criança, que se chama Anne Valentina, ela não esperava encontrar tantas dificuldades para registrar a filha.
Segundo Naira, depois do parto, o médico levou o caso para o Conselho Tutelar, pois suspeitava que a criança não fosse dela. Agora que a história repercutiu, Naira e Amanda estão aguardando uma resposta dos órgãos públicos a respeito da documentação da bebê para fazer o registro ainda nesta sexta-feira (20).
"Depois de três dias no médico, ele não liberou o papel e já passou para o Conselho. Eles não resolviam nada e ela precisava do registro para tomar as vacinas e fazer o teste do pezinho. Depois que o caso foi para a mídia, a gente conseguiu", disse Naira.
Ela contou ainda que vão a família pretende fazer um exame de DNA para constatar a paternidade da bebê e silenciar comentários maliciosos. A mãe disse que está enfrentando boatos da vizinhança desde que a história veio à tona.
"A gente vai fazer exame para comprovar quem é o pai. Já sabemos quem é, mas o povo fala muita maldade e preferimos fazer o exame para comprovar. Mas, até para fazer o exame, precisamos de documento", contou.
Gravidez silenciosa
Segundo a médica ginecologista e obstetra, Adriana Totta, a gravidez silenciosa não se trata de uma condição genética, mas sim de um fator socioemocional que pode vir a acontecer em qualquer mulher.
"Não existe nenhum fator genético nisso. Já tive dois casos em que vi minha paciente que chegou durante o plantão achando que era cólica renal e, na verdade, estava dando à luz a um bebê de nove meses. Mas não tem relação genética nenhuma", disse.
A médica ainda lembrou de outros casos em que atendeu sobre gravidez silenciosa e que costuma ser normal para algumas mulheres.
"O que muitas vezes acontece são pacientes que até sangram ao longo da gravidez e não percebem, ou estão com fluxos menstruais irregulares. Tem vários fatores envolvidos, mas em relação à genética, não há. Um outro caso de uma paciente que tinha feito uma cirurgia bariátrica para emagrecimento, mas ela ainda estava obseda, e não percebeu as alterações do corpo dela de que estava grávida. Mas não há relação com fator genético", contou.
Segundo a médica, as causas que levam a essa condição são sociais e emocionais.
"Os hormônios causam inúmeras alterações no organismo da mulher. Então, uma gravidez planejada e desejada vai passar por todas essas transformações. Mas tem gente que não tem tantos sintomas específicos, tem algumas que parecem que nem estão grávidas. A maioria dos casos de gravidez silenciosa está envolvido à questão social e emocional, com sintomas brandos. Todos os casos que eu vi está muito relacionado ao fator social e emocional, mas com certeza nem todo mundo se expressa da mesma forma", explicou.
G1 MT