Acadêmicas que participaram da atividade relatam que o tutor fez um alerta às alunas para que elas não esquecessem o biquíni para a aula.
Alunos da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) de Cáceres (220 km de Cuiabá) encaminharam ao núcleo administrativo da unidade denúncias envolvendo casos de assédio sexual e racismo contra estudantes do campus. De acordo com o documento encaminhado ao Colegiado Regional, um dos casos de assédio sexual envolve um professor da unidade e ocorreu por meio de um grupo de WahtsApp, durante a organização de uma aula de campo do curso de agronomia, no dia 4 de junho. Acadêmicas que participaram da atividade relatam que o tutor fez um alerta às alunas para que elas não esquecessem o biquíni para a aula. “Meninas não esqueçam dos biquínis Banho de rio” (sic), diz uma das mensagens encaminhadas pelo professor.
Na sequência, a aluna responde: “viaja não professor, eu em (sic)”. Em seguida o docente reage com o seguinte comentário: “Legal vai ser top less
então (sic)”. Por fim, a estudante responde: “eu eim, cada coisa (sic)”.
O caso foi denunciado pelo secretário-geral do Centro Acadêmico
de História, Victor Cruvinel. Em entrevista ao , ele afirmou que até
o momento nenhuma medida foi adotada sobre a situação.
“O professor, até o momento, se encontra dando aula. Essas
denúncias e prints são algo concreto do que aconteceu. Só que
existe uma série de outras denúncias e relatos de outros casos”,
disse.
Ainda segundo ele, a Presidência do Colegiado Regional
respondeu à ocorrência no dia 6 de setembro, informando que a
denúncia foi distribuída pelo fato do órgão não ter competência
para instaurar processo administrativo.
“A notícia de possível assédio foi distribuída via SIGAdoc,
gerando o processo UNEMAT-PRO-2022/18466, bem como que
os autos foram encaminhados para a Unidade Setorial de
Correição, uma vez que o Colegiado Regional não tem atribuição
para instaurar procedimentos administrativos disciplinares”,
Racismo
Além dos casos de assédio sexual, episódios de racismo também contornam o campus e já foram denunciados à Polícia Civil. De acordo com o
boletim de ocorrência obtido pelo , o crime ocorreu no dia 25 de setembro, durante o torneio de jogos estudantis da Unemat.
Conforme consta no documento, o integrante de uma das atléticas direcionou a dois jogadores que competiam pela equipe adversária gritando:
“vai lá Bob Marley de merd*”.
Em entrevista ao , o diretor de Esporte, Cultura e Lazer do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Matheus Pavone, afirmou que o estudante
utilizou a figura artística com a intenção de ofender os competidores.
“Conversando com as vítimas, eles relataram que o fato deles serem comparados com uma figura artística como o Bob Marley, por exemplo, não
seria uma ofensa. O problema é que os ataques foram feitos no intuito de ofender. Isso é o que acontece na injuria racial, que não é exatamente a
palavra, mas sim a intenção do ato”, disse.
Ainda segundo ele, a Comissão Organizadora dos jogos e atlética o qual o acusado está inscrito suspenderam a participação do jovem na
competição.
Outro lado
A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) de Cáceres se manifestou por meio de nota. Confira abaixo: Quanto ao caso de assédio sexual, ele foi apresentado pela Diretoria Político-Pedagógica e Financeira do Câmpus de Cáceres à Unidade Setorial de Correição (USC) da Universidade que, após detalhada análise, encaminhou os autos da denúncia para abertura de processo ético contra o docente, que corre em sigilo na Comissão de Ética da Unemat. Quanto ao caso de racismo, recebemos a notificação oficial ontem, 3 de outubro. A coordenação geral dos Jogos Universitários deliberaram pela suspensão da Atlética da competição, e agora o processo será encaminhado para o Colegiado do Curso de Agronomia, que será responsável por deliberar e tomar as devidas providências. Também foi encaminhado pedido de providências à Ouvidoria da Universidade para que o diretor da Faculdade de Ciências Agrárias e Biológicas e o coordenador do Curso de Ciências Biológicas do Câmpus de Cáceres tomassem conhecimento do fato. A Unemat reitera que é absolutamente contra práticas como racismo e assédio sexual dentro e fora da Instituição e, por isso mesmo, possui estrutura para que a denúncia seja feita e apurada, dentro do amparo legal, com a correta tramitação. A Universidade é um espaço de acolhimento inclusão, onde casos de preconceito e opressão não devem ocorrer e, caso ocorram, devam sempre ser denunciados.
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