Trinta armas entre facas, facões, canivetes e punhais foram apreendidos pela Polícia Civil na
residência de um dos suspeitos de envolvimento no sequestro e tortura de quatro maranhenses.
O material foi encontrado em uma casa na tarde de terça-feira (19) no bairro Osmar Cabral, em
Cuiabá
O mandado de busca e apreensão cumprido nesta terça-feira faz parte da segunda fase da
Operação Kalypto para reunir novas evidências que possam auxiliar a Polícia Civil a chegar à
localização dos restos mortais das vítimas, que desapareceram em maio de 2021, e a outros
possíveis envolvidos nos crimes.
Parte das armas estava embainhada e dispostas em cima de uma mesa da residência. Uma equipe
da perícia da Politec-MT está no local para coletar evidências e analisar o material apreendido.
O local alvo das buscas fica próximo a outra casa onde, em fevereiro deste ano, foram
encontrados indícios de que pessoas teriam sido executadas, durante a primeira fase das
investigações.
O delegado Caio Fernando Albuquerque explicou que o juízo da 12a Vara Criminal determinou a
reabertura das investigações e decretou mandados de busca e apreensão para chegar à
localização dos corpos das vítimas e apurar se há outros envolvidos nos crimes.
O proprietário da residência alvo das buscas tem vínculo com os denunciados na primeira fase da
investigação pelas mortes dos quatro maranhenses e já foi investigado pela Polícia Civil por
outros crimes entre eles arrombamentos de caixas eletrônicos.
Relembre a investigação
As mortes de Tiago Araújo, 32 anos, Paulo Weverton Abreu da Costa, 23 anos, Geraldo Rodrigues
da Silva, 20 anos e Clemilton Barros Paixão, 20 anos, foram ordenadas por uma facção, que
determinou um ‘tribunal do crime’ contra os quatro rapazes porque julgou que as vítimas
pertenciam a um grupo rival e, desta forma, resolveu assassinar os rapazes - dois irmãos, um
cunhado e um amigo.
Os quatro maranhenses residiam em um conjunto de quitinetes no Jardim Renascer, em Cuiabá,
de onde foram retirados à força no dia 02 de maio de 2021, por um grupo armado, todos
integrantes de uma organização criminosa.
As investigações tiveram início pelo Núcleo de Pessoas Desaparecidas da DHPP, onde foram
apuradas diversas informações que colaboraram com as investigações posteriores.
“Foi um caso complexo, inicialmente porque não havia (e ainda não há) os corpos, necessário à materialidade direta. Além disso, como ocorre nesse tipo de crime, muitas pessoas não quiseram
dar informações. Contudo, conseguimos trazer para o inquérito corajosos depoimentos de
familiares, ouvidos no Maranhão, para onde foram ‘tocados’ pelos criminosos, logo após os
homicídios. Desta família, em Cuiabá, só ficaram os restos mortais, apontou o delegado Caio
Fernando.
As mortes das vítimas trouxeram inúmeros reflexos também aos familiares, que saíram do
Maranhão em busca de emprego e moradia em Mato Grosso. Todos os que moravam na Capital
foram obrigados pelos criminosos a sair às pressas da cidade, deixando para trás empregos e moradia que haviam conquistado depois de sair do interior nordestino, devido à escassez de
trabalho, para tentar uma vida mais digna em outro lugar.
A Operação Kalypto, que em grego significa esconder ou velar, cumpriu em janeiro deste ano, 18
ordens judiciais de prisão e de buscas contra o grupo envolvido nas execuções das vítimas.
(Informações da Polícia Civil).