O presidente da Federação Brasileira de Geólogos, Caiubi Kuhn, apontou que outras rodovias de Mato Grosso, como na região da
Serra da Petrovina e Tangará da Serra, também podem passar por problemas similares ao observado na MT-251, na região do
Portão do Inferno, com risco eminente do deslizamento de rochas sob a pista.
Segundo o especialista, que esteve presente durante vistoria organizada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) na manhã
desta sexta-feira (12), na região do sítio do Portão do Inferno, o Governo de Mato Grosso deve fazer estudos técnicos para
antecipar futuros problemas geológicos.
“Se lá atrás o Governo do Estado tivesse feito a parte dele, porque a gente tem que tratar de quem é a responsabilidade, e nesse
caso é dele, de fazer os estudos de monitoramento, análises, estudos do maciço, tudo já antecipado, porque a gente sabe que vai
ter o problema, do mesmo jeito que pode antecipar, pois uma hora vai ter problema igual na Serra da Petrovina, depois de Pedra
Preta, e vamos ser pegos de surpresa também, assim como podemos ter problema igual na serra de Tangará da Serra e em
muitas outras rodovias do estado. Se tivermos os estudos antecipados, na hora que ocorrer já teremos uma resposta ágil”, expõe
Caiubi.
A área de risco no Portão do Inferno já é um problema conhecido há muito tempo e, segundo o especialista e membros da equipe
técnica, atinge vários pontos da MT-25
Inaugurado em 1978, o trecho nunca passou por uma grande intervenção. Com um relatório técnico, a Companhia Matogrossense de Mineração concluiu que o Portão do Inferno apresenta alto grau de probabilidade de deslizamentos e diversas
evidências de instabilidade. Um dos motivos para isso, é que as enxurradas geram erosões laminares, que removem o solo e
provoca rupturas nos morros.
“Tem vários locais com isso, desde a curva da Mata Fria até a Salgadeira, e se for fazer o túnel, dependendo de onde for, vai ter
riscos também muito grande no entorno do túnel, seja na entrada e na saída ou no novo trajeto da rodovia”, disse Kuhn.
“Eu sou chapadense, nasci e cresci em Chapada, ando nisso daqui desde criança e eu sempre soube que pode cair bloco. Agora,
do mesmo jeito ocorre em outras rodovias que tem no Brasil, como na Tamoios, como nas rodovias de Minas Gerais, e aí o que se
tem que ter é um plano de resposta rápida para permitir o livre trânsito, porque não adianta também isolar a Chapada dos
Guimarães. A população de Chapada sempre passou nessa rodovia tendo esse risco”, complementou.
Equipes permanentes
Caiubi também defende o quadro técnico permanente nos órgãos estaduais, como na Defesa Civil e a Secretaria de Estado de
Infraestrutura e Logística (Sinfra). Trazendo a questão, ele cita a legislação federal que obriga o trabalho de estudos periódicos
sobre riscos geológicos “Está na lei da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, que já tem 12 anos, e o Governo do Estado até hoje não
instrumentalizou isso [estudos recorrentes]. A gente não pode trabalhar a política pública só com consultoria, a gente tem que trabalhar a política pública com órgãos que sejam permanentes, então a Defesa Civil precisa ter quadro técnico permanente, a
Sinfra precisa ter um quadro técnico permanente. Então essa é uma defesa que eu tenho feito porque aqui é um problema, mas
nós temos muito outros”, disse.
O presidente do TCE, conselheiro Sérgio Ricardo, encaminhou ao governador Mauro Mendes (União) um ofício para que seja
criado um comitê de gestão de riscos e acidentes. O órgão de controle também vai coordenar uma comissão com membros de
outros Poderes para discutir uma resolução de curto e médio prazo a ser adotada na região