Os empresários mato-grossenses alvos da Operação Hades, que apura a atuação de organizações
criminosas no tráfico de drogas em 17 estados brasileiros, são investigados pelo crime de lavagem
de capitais, pois, conforme apontado, utilizavam-se de contas bancárias das próprias empresas
para movimentar dinheiro ilícito. Um dos suspeitos, José Clóvis Pezzin de Almeida, mais
conhecido como Marllon Pezzin, teve o mandado de prisão cumprido, enquanto os outros dois
alvos, José Maria Magalhães Filho e Maurizan Bonfá, estão foragido
Marllon é proprietário da empresa JCP Empreendimentos, do ramo de obras de terraplanagem e engenharia, e entre maio e
agosto de 2020, recebeu uma soma acima de R$ 450 mil da organização criminosa. As transferências, segundo investigação,
estão relacionadas ao pagamento pelo fornecimento de entorpecentes ou lavagem de capitais do crime.
Ao todo, foram seis transações totalizando o montante de R$ 462.360,62, transferidas em uma conta do Banco do Brasil, pela
empresa Contato Comércio Atacadista e Transportadora, que tem como proprietário outro alvo da Operação Hades.
Durante as investigações, foi comprovado que a conta bancária da Contato Comércio foi usada para receber dinheiro do tráfico,
principalmente por meio de depósitos fracionados em larga escala, para realizar pagamento a diversos fornecedores de
entorpecentes da região fronteiriça do Brasil com outros países, nos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e
Roraima
Os outros dois empresários mato-grossenses, supostamente envolvidos no esquema criminoso,
José Maria Magalhães Filho e Maurizan Bonfá, são proprietários da empresa Transportes Gold
LTDA, e também utilizaram contas bancárias da transportadora para movimentar dinheiro ilícito
da organização criminosa, atuando possivelmente como fornecedores e diretamente na lavagem
de capitais. Em um intervalo de dois dias, uma conta bancária da empresa recebeu o montante de
R$ 114.675.
José Maria e Maurizan também já foram alvos de outra ação policial, a Operação Expansão, da
Polícia Federal, deflagrada no dia 2 de fevereiro de 2023, no Piauí e outros oito estados, contra os
crimes de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Além disso, Maurizan possui três
passagens por tráfico e outros antecedentes pelos crimes de lavagem de dinheiro, organização
criminosa, porte ilegal de arma de fogo e estelionato.
Os dois encontram-se foragidos até o momento, e a Polícia Civil de Mato Grosso trabalha com a
hipótese que a dupla pode ter saído do país.
Operação
Operação Hades foi deflagrada pela Segurança Pública de Alagoas contra organizações
criminosas responsáveis por tráfico de drogas e lavagem de capitais em 17 estados do país.
Em Mato Grosso, objetivo era cumprir 13 mandados, sendo três de prisão e 10 de busca e
apreensão, nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Vila Bela da Santíssima Trindade e Chapada dos
Guimarães.
A nível nacional, megaoperação tinha o objetivo de cumprir 307 mandados judiciais contra
integrantes de duas organizações criminosas que atuavam no tráfico de drogas, lavagem de
dinheiro e outros crimes.
A operação é fruto de um trabalho investigativo da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime
Organizado (Dracco), da Polícia Civil de Alagoas, em parceria com a Secretaria de Estado da
Segurança Pública, que apura a atuação criminosa desses grupos no tráfico de drogas em larga
escala em Alagoas e outros estados do país.
Os mandados foram expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital de Alagoas, após parecer
favorável do Gaeco, do Ministério Público de Alagoas, com base nas provas técnicas apresentadas
pela Dracco.
Foram 79 mandados de prisão e 228 de busca e apreensão nos estados de Alagoas, Amazonas,
Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco,
Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina e São Paulo