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Mais de 60 mil hectares da "Boi Gordo" são leiloados por R$ 24,5 milhões

Publicado em: 25/06/2024
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Área com mais de 60 mil hectares da massa falida das Fazendas Reunidas Boi Gordo, situada no
Parque Nacional do Juruena, em Apiacás, Mato Grosso, foi leiloada por R$ 24,5 milhões, nesta
segunda-feira (24). A empresa Trevo Participações, de Jaboticabal, interior de São Paulo,
arrematou as terras. O leilão despertou o interesse amplo e variado de investidores, envolvendo
36 empresas na disputa, e recebeu mais de 150 lances, com mais de 7 mil visualizações no site
da plataforma Positivo Leilões, responsável pela venda. O processo agora segue para a
homologação da Justiça de São Paulo.

 

Após três tentativas anteriores de venda sem sucesso, por outra empresa do ramo – nas quais a
fazenda não recebeu nenhum lance – a propriedade finalmente encontrou um comprador,
marcando mais um passo importante para a quitação dos débitos da massa falida e o fim de um
longo período de espera para os credores, que se arrasta desde 2002.

Quando as Fazendas Reunidas Boi Gordo entraram em falência, o prejuízo estimado ultrapassava
R$ 2,5 bilhões. Atualmente, a dívida atualizada gira em torno de R$ 6 bilhões. Até o momento, a
venda de ativos da empresa já arrecadou aproximadamente R$ 540 milhões.

 

A empresa vencedora do leilão receberá uma propriedade que se destaca como um ativo
estratégico para o cumprimento de exigências legais e
ambientais, ideal para compor Compensação de Reserva Legal (CRL).

O imóvel está localizado em região originalmente coberta pelo Bioma Floresta Amazônica. Possui
61.976 mil hectares cobertos com vegetação original, dos quais 49.580 estão mantidos a título de
área de proteção ambiental (Área de Reserva Legal e Área de Preservação Permanente).

Para Erick Teles, leiloeiro oficial, o certame representou uma oportunidade sem precedentes para
o setor agropecuário brasileiro, configurando-se também como um case de sucesso em leilões
judiciais. "Em um final marcado por lances que se sucederam minuto a minuto, a Fazenda da Boi

Gordo encerra mais um capítulo de sua história. Este leilão histórico representa um passo crucial
para honrar os compromissos com os credores da massa falida da Boi Gordo, além de abrir um
novo futuro para a propriedade", afirmou Teles à assessoria da Positivo Leilões.

O certame público, determinado pela Justiça de SP, foi realizado pela plataforma Positivo
Leilões. Os interessados participaram de forma online, por meio do site da empresa.
Todo o processo foi conduzido de forma transparente e imparcial, seguindo as regras e
regulamentos estabelecidos para garantir a integridade da venda, oferecendo aos
compradores confiança e segurança na sua participação.

Golpe bilionário de pirâmide

Falida em 2004, a Fazendas Reunidas “Boi Gordo” ganhou as manchetes do país no final da
década de 1990, quando aplicou um golpe de pirâmide que vitimou mais de 30 mil
investidores, causando prejuízo bilionário.

A ideia era vender cotas de investimentos em fazendas de gado oferecendo lucros
exorbitantes, porém seguros, via processo de engorda de bois, o que obviamente
caracterizou a fraude.

Nascido em 1988, o grupo, capitaneado à época por Paulo Roberto de Andrade decidiu
organizar a fraude em 1996, quando passou a oferecer ao público os investimentos.
O marketing agressivo, transmitido no intervalo da novela “Rei do Gado”, um sucesso global na
época, resultou no alcance de diversos investidores no país e de outros países também,
inclusive famosos. Marisa Orth, Benedito Ruy Barbosa e Antônio Fagundes, o garoto
propaganda, foram vítimas.

Comercial protagonizado por Antonio Fagundes vendia rentabilidade média de 3,23% ao mês.
A realidade nos bastidores, porém, era bem diferente. O pagamento, que deveria vir do lucro
da engorda, na verdade, era proveniente da entrada de novos investidores, a chamada
“pirâmide”.

Em 2001 o esquema desmoronou e a Justiça foi acionada. Até hoje os 30 mil investidores
lutam para conseguir de volta todos os valores que colocaram na fraude. Essas pessoas
perderam o dinheiro e a empresa faliu em 2004, cujo prejuízo estimado e atualizado é na casa
de R$ 6 bilhões. O montante devido está sendo paulatinamente devolvido por meio de ações
na Justiça e leilões.

 

Fonte: Olhar Direto- Pedro Coutinho

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