O delegado Marlon Luz, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), concluiu
inquérito policial (IP), que apura a morte da detenta trans Gabriela Varconti, 37 anos, e indiciou
três presidiários por participação no crime. De acordo com a equipe de investigação, a vítima
morreu porque os assassinos acreditavam que ela repassava informações do dia a dia da
penitenciária a policiais penais e à direção do presídio.
O inquérito foi concluído na quarta-feira (31). Os três detentos foram indiciados pelo crime de
homicídio qualificado (em razão da vítima não ter recurso de defesa no momento do crime). Os
nomes dos detentos envolvidos na morte não foram revelados pela equipe investigativa. Na
linguagem do crime, os delatores são conhecidos como "x9".
O procedimento agora será encaminhado ao Tribunal de Justiça (TJMT), que vai remeter o
relatório ao Ministério Público (MPMT) para o oferecimento de denúncia ou não. Em um primeiro
momento, foi cogitada a hipótese de o crime ter sido cometido por transfobia - qualquer ação ou
comportamento que se baseia no medo, intolerância, rejeição, aversão, ódio ou discriminação às
pessoas trans por conta de sua identidade de gênero - mas a possibilidade foi descartada no
decorrer das investigações.
A vítima morreu na quinta-feira (25) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto Socorro
Municipal de Várzea Grande (PSVG). Ela foi brutalmente atacada a pauladas por detentos dentro
do Complexo Penitenciário Ahmenon Lemon Dantas, também na cidade de Várzea Grande.
Gabriela chegou a ter o crânio esmagado após os golpes. A informação da morte foi divulgada
pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
Como noticiado por Olhar Direto, Gabriela foi espancada com pedaços de madeira. A mulher
ficava na ala LGBTQIAPN+, mas o fato aconteceu na hora do almoço, momento em que todos os
detentos ficam juntos. Após o episódio, a vítima recebeu os primeiros socorros ainda na unidade e
foi encaminhada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Pronto-Socorro.