Na decisão que autorizou a Operação Publiccare, o juiz João Francisco Campos de Almeida constatou que o vereador Paulo de Figueiredo (MDB) figura como espécie de liderança de um núcleo responsável por corrupção e lavagem de dinheiro, via recebimento de propina de promotores de eventos na capital, sendo a maioria integrantes do Comando Vermelho, que se utilizam de casas noturnas para também lavar milhões de reais obtidos com práticas criminosas.
Paulo foi preso na manhã desta sexta-feira (20), quando os agentes da Polícia Federal cumpriram mandado de prisão expedido pelo magistrado do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo).
Na ordem, o juiz constatou que Paulo, por exercer os cargos de vereador na capital e presidente do Sindicato dos agentes de fiscalização e regulação da Secretaria de Ordem Pública e Defesa Civil de Cuiabá (SORP), possui grande influência dentre os fiscais da pasta, e até mesmo com autoridades integrantes da referida secretaria municipal, o que lhe permitiu exercer a liderança do esquema criminoso.
“Conforme detalhado em linhas pretéritas, identificou-se inúmeros elementos comprovando o recebimento de propinas de promotores/ de eventos e até mesmo da facção criminosa Comando
Vermelho, através de WILLIAN GORDÃO não restando dúvidas quanto à prática do crime de corrupção passiva e organização criminosa”, anotou o juiz.
As investigações também resultaram na identificação de vários elementos que configuram a lavagem de dinheiro, sobretudo porque Paulo usa de “laranjas” para receber valores da corrupção e
utilização dessas pessoas para ocultar patrimônio, a exemplo de seu veículo Jeep Compass, o qual foi sequestrado.
O fato de maior gravidade, elencado pela PF e destacado pelo juiz, ocorreu em fevereiro deste ano, poucos meses antes da prisão dos alvos da primeira fase da ação, a Ragnatela. Na ocasião, a investigação flagrou que, no dia 15 daquele mês, Paulo participou de uma ligação em grupo com a liderança do CV, Joadir vulgo “Jogador”, e uma reunião presencial com o referido criminoso, para tratar de punição aplicada ao seu assessor, Rodrigo Leal (preso na primeira fase), “demonstrando que possui influência perante a referida facção”.
Paulo foi alvo da Operação Pubblicare, deflagrada nesta sexta-feira (20) pela Polícia Federal, sendo um desdobramento da Ragnatela, cujo objetivo é desbaratar esquema de lavagem de dinheiro em que agentes públicos, como Paulo, facilitavam a concessão de licenças para shows e eventos em casas noturnas, de propriedade de membros do Comando Vermelho, usadas para dar aparência de licitude aos milhões de reais provenientes de crimes.
Além dele, a ação mirou o Secretário Adjunto da Secretaria Municipal de Ordem Pública e Defesa Civil de Cuiabá (SORP), Benedito Alfredo Granja Fontes, e o Agente de Regulação e Fiscalização da SORP, Rodrigo Anderson de Arruda.