Edgar acusou Marcus Vinícius Borges de tentar de promover com a atuação na "chacina de Sinop".
Com o término do julgamento que condenou Edgar Ricardo de Oliveira a mais de 136 anos de prisão, o ex-defensor do acusado, o advogado e vereador eleito de Sinop, Marcos Vinícius Borges, emitiu uma nota respondendo às declarações feitas pelo assassino durante seu depoimento ao júri.
Edgar, autor da chacina de Sinop em fevereiro de 2023, foi condenado a 136 anos, 3 meses e 20 dias de prisão. No júri, ele foi defendido por um defensor público após a saída de Borges.
Durante o julgamento, o réu alegou que sua defesa anterior, conduzida por Marcos Vinicius, o teria instruído a mencionar a gravidez de sua esposa e que uma das vítimas havia questionado isso. Edgar também acusou o advogado de estar mais interessado na notoriedade que o caso geraria, dada a repercussão nacional.
Em resposta, o advogado Marcos Vinícius Borges negou qualquer conduta inadequada em sua atuação no caso. “Nunca houve qualquer tipo de irregularidade na minha atuação como advogado. Pelo contrário, sempre atuei com o pleno aval do acusado, que me descreveu os fatos exatamente como foram abordados”, declarou Borges.
Durante o julgamento, o réu também chegou a mencionar um a possível prova de que uma das vítimas teria clonado seu celular, mas, ao ser questionado pela acusação, culpou sua defesa pelos problemas na condução dessa tese.
Em sua nota, Borges rebateu essa afirmação. “Embora eu seja um defensor fervoroso dos direitos e garantias do acusado, não considerei viável que ele utilizasse um instrumento de defesa, que é o advogado, para justificar uma alteração de tese e explicar o motivo de não tê-la abordado anteriormente”, escreveu.
O advogado explicou que sua saída do caso ocorreu devido a questões pessoais, levando-o a deixar a defesa de Edgar antes do término do processo.
Leia a nota na íntegra:
Prezados jornalistas,
Como advogado e criminalista, reafirmo que todas as teses podem e devem ser consideradas na defesa de um cliente. A mudança na tese defensiva, como ocorreu no caso de Edgar, é uma prática comum e aceitável, dado que o direito à ampla defesa é um princípio fundamental do nosso sistema jurídico. O tribunal do júri, por sua natureza, permite essa flexibilidade, permitindo que todas as nuances do caso sejam exploradas em busca da verdade e da justiça. No entanto, embora eu seja um defensor fervoroso dos direitos e garantias do acusado, não considerei viável que ele utilizasse um instrumento de defesa, que é o advogado, para justificar uma alteração de tese e explicar o motivo de não tê-la abordado anteriormente.
Nunca houve qualquer tipo de irregularidade na minha atuação como advogado. Pelo contrário, sempre atuei com o pleno aval do acusado, que me descreveu os fatos exatamente como foram abordados. Essa manobra não apenas desvia a responsabilidade, mas também distorce a verdade dos fatos, revelando uma tentativa clara de se eximir das suas próprias decisões.
Gostaria de esclarecer que a minha retirada da defesa ocorreu por motivos de foro íntimo e foi uma decisão de minha própria iniciativa. É importante ressaltar que houve uma completa resistência por parte do acusado, que expressou seu desejo para que eu continuasse atuando em sua defesa. Essa situação foi cuidadosamente considerada, mas optei por seguir meu caminho por razões pessoais.
Atenciosamente,