Um novo tratamento contra o melanoma – um dos tipos mais agressivos de câncer de pele – teve seu primeiro procedimento realizado em Mato Grosso no Hospital Santa Rosa. A técnica, chamada de ‘Perfusão Isolada de Membros’ (PIM), promete potencializar a ação da medicação e diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia.
A ideia é limitar a circulação da quimioterapia à corrente sanguínea do membro isolado, tanto com o uso de cateteres para circulação extracorpórea quanto com o aumento da temperatura no local. De acordo com a assessoria do Hospital a técnica, associada ao aumento da temperatura no local da aplicação, tem demonstrado resultados surpreendentes, capazes de potencializar a ação do medicamento, e reduzir os efeitos colaterais provocados pela quimioterapia sistêmica.
O primeiro procedimento no estado foi feito no paciente P.D.M., de 79 anos, que trata um melanoma no polegar com metástase em trânsito (lesões múltiplas, localizadas próximas à área da lesão de origem) restrita ao braço esquerdo.
Quando a área é isolada, o sangue que circula no membro é oxigenado e aquecido a aproximadamente 38°C e, só então, é iniciada a aplicação da quimioterapia, que dura cerca de uma hora. No final da aplicação os cateteres são retirados e a circulação é retomada.
Lauzamar Roge Salomão Júnior, cirurgião oncólogo do Hospital Santa Rosa, explica que o PIM é uma técnica complexa e ainda restrita a grandes centros, por isso, exige capacidade estrutural da unidade hospitalar e a formação de uma equipe capacitada para o procedimento.
Ele completa que a técnica atinge altos níveis de eficácia no controle da doença, e é indicada principalmente em casos de melanoma com lesões satélite e metástase em trânsito. “Com a aplicação isolada, o restante dos órgãos é poupado dos efeitos colaterais da quimioterapia, abreviando inclusive, o tempo de tratamento”.
O melanoma cutâneo é um tipo de câncer de pele que tem origem nos melanócitos - células produtoras de melanina responsáveis por determinar a cor da pele. O melanoma corresponde a 30% de todos os tumores malignos registrados no país, sendo o mais grave devido à sua alta possibilidade de metástase. O tratamento desse tipo de câncer pode ser considerado bom, se detectado nos estágios iniciais. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), as estimativas são de 5.670 novos casos este ano no Brasil, sendo 3.000 homens e 2.670 mulheres.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), os estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul concentram a maioria dos casos de câncer de pele do Brasil. A pele clara e mais sensível, e a inadequada exposição ao sol são as principais causas apontadas por especialistas para o aumento da doença. A intensa migração de sulistas para Mato Grosso, motivada principalmente por fatores econômicos, também tem colaborado para o aumento de casos na região.