Invasões de propriedades rurais produtivas e legalizadas, furtos e roubos de gado no campo. Esses foram os principais temas de uma reunião entre representantes da pecuária e a Casa Militar do Estado de Mato Grosso, que aconteceu nessa segunda-feira, dia 28, em Cuiabá. O presidente do Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV), Jorge Pires de Miranda, destaca que a segurança no campo deve ser prioridade para o Estado. “Além dos constantes roubos de gado, temos fazendas com mais de duas reintegrações de posse executadas e que continuam sendo invadidas. O produtor faz sua parte atuando dentro lei, pagando seus impostos e contribuições, e o Estado tem que cumprir a parte dele com o produtor”, afirma Jorge.
No encontro, a garantia da execução das reintegrações de posse e de que os invasores não entrem mais nas áreas teve destaque nas discussões. Em Juruena, região Noroeste de Mato Grosso, a fazenda Rosahmar, da Rohden Indústria Lignea, voltada 100% para o manejo florestal, já teve duas reintegrações de posse e foi novamente invadida. A área é a única do Estado a possuir o selo verde de certificação internacional do Conselho de Manejo Florestal – Forest Stewardship Council (FSC) – e desde abril passa por inúmeras perdas tanto econômicas, quanto ambientais. Para o diretor de relações públicas da Acrimat, o pecuarista Luiz Fernando Conte, de Juara, é preciso segurança para que os produtores possam ter tranquilidade para trabalhar. “Trazemos hoje à Casa Militar a extrema preocupação do setor para que o Estado se faça presente nas regiões mais afetadas pelas invasões, garantindo os direitos à propriedade. A maioria dos casos acontecem em áreas de floresta – muitas delas em reservas legais e de manejo, onde é proibido o corte raso de madeira, ação certa nos casos de invasão”, afirma Conte.
Outra forte demanda dos pecuaristas são os crescentes casos de abigeato – o roubo ou furto de gado nas fazendas. Somente na Baixada Cuiabana, durante o primeiro semestre, foram 30 propriedades com casos notificados à Polícia Civil de Mato Grosso. Além das perdas com o rebanho, a Acrimat, aponta que os roubos de gado também são questão de sanidade, já que o não há controle sanitário do abate das cargas. “Os casos estão cada vez mais preocupantes. O que antes era uma situação que se restringia ao abate no pasto, em pequenas quantidades, agora apresenta um sistema de logística e volume que têm impressionado os produtores. Um trabalho de quadrilhas especializadas. É preciso investigar. Descobrir como esse gado se desloca – se tem GTA ou não. Se sim, como ela é emitida. Onde acontece o abate, e qual o mercado a que se destina. Há prazos de medicamentos e vacinas que devem ser observados antes de abate e consumo. A falta desse controle é um grave risco à saúde pública”, destaca o diretor da Acrimat, Marcos Antonio Jacinto, pecuarista na região do Vale do Araguaia.Atento aos temas, o secretário chefe da Casa Militar, Coronel Airton Siqueira Júnior, garantiu que as ações serão intensificadas no Noroeste do estado – região é que apresenta maior demanda de reintegrações de posse por invasões em Mato Grosso. Segundo o secretário, o Estado por meio da Secretaria de Segurança, Casa Militar e o Comitê de Conflitos Fundiários, acompanha de perto as situações que ocorrem em todo Estado e além das ações já realizadas, pretende atuar estrategicamente para mitigar as possibilidades de reincidência nas invasões. “No caso do Noroeste, o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) deve desenvolver atividades de patrulhamento rural e realizar reuniões com todos envolvidos direta e indiretamente nesse cenário – Polícia Militar, Polícia Judiciária Civil, Tribunal de Justiça, Ministério Público e autoridades locais para que possamos apresentar o problema e buscar uma solução em conjunto para mitigar esses conflitos”, afirma Siqueira Júnior.