O pai de Arthur Gabriel, de um ano, realiza um bingo para juntar dinheiro para pagar uma cirurgia de transplante de intestino no filho, nos Estados Unidos. Sérgio de Freitas Santos, que mora em Araputanga, a 371 km de Cuiabá, disse que, atualmente, o procedimento só é feito em Miami e custa R$ 4 milhões. Além do bingo, cujas cartelas começaram a ser vendidas no início neste mês, ele faz campanha nas redes sociais e uma vaquinha online.
Até agora, o pai já conseguiu arrecadar R$ 75 mil com as doações e cartelas vendidas. A expectativa é obter R$ 100 mil por meio desse bingo. Cada cartela está sendo vendida a R$ 50. "Já espalhei umas 1.500 cartelas, mas ainda não sei quantas foram vendidas", afirmou Sérgio.
Arthur Gabriel está internado há quatro meses em um hospital em São Paulo depois de uma cirurgia para a retirada do intestino. Com isso, recebe alimentação parenteral (via intravenosa). Ele é acompanhado pela mãe. "Ele não pode sair da UTI. Eles não podem mais voltar para Mato Grosso", disse o pai, que pretende arrumar um emprego em São Paulo para ajudar a mulher a cuidar do filho e ficar mais perto deles.
Sérgio trabalha na área administrativa de uma fazenda em Araputanga e é formado em direito. Ele já vendeu o carro dele e a casa para ajudar no tratamento do filho, que, após a cirurgia, passou a ter apenas 5 cm de intestino. De acordo com o pai, o transplante é a única forma da criança levar uma vida normal.
Ele contou que, quando Arthur nasceu, ele não conseguia sugar o leite e engolir, pois estava fraquinho. Por causa disso, teve que ser submetido a uma cirurgia chamada gastrostomia, que consiste na colocação de uma sonda no estômago, para que pudesse se alimentar.
Depois disso, ele recebeu alta e foi encaminhado para casa, onde passou cerca de dois meses e meio. "Ele continuou fazendo tratamento para a retirada da sonda, porque já estava se alimentando. Mas a gastrostomia causou uma obstrução no intestino dele. E, quando abriram a barriga dele, descobriram que o intestino estava podre e, por isso, foi necessário retirar o intestino", explicou o pai.
Com a cirurgia, praticamente sem intestino, o bebê passou a receber alimentação parenteral (via intravenosa). "O prazo de vida dele com a parenteral é de sete anos, no máximo. Queremos que ele faça o transplante para aumentar o tempo de vida dele e para que possa levar uma vida normal", disse.
Os médicos, responsáveis pelo tratamento de Arthur, pretendem reabilitar o intestino dele, "religando a parte que sobrou", segundo o pai. No entanto, Sérgio acredita no sucesso desse procedimento. "Para funcionar normalmente, o intestino teria que ter pelo menos 35 cm e o dele só tem 5 cm. "Como tem um buraco na barriga dele devido à gastrostomia, fica vazando o suco gástrico. Como vão fazer a reabilitação, o suco gástrico que é ácido vaza e ele fica ferido", relatou.
Para que o transplante seja feito em outro país, segundo o pai, os médicos que fazem o tratamento no Brasil deveriam dar um laudo dizendo da necessidade. "Os médicos não querem pedir o transplante fora do país porque estão tentando reabilitar o intestino dele, mas, mesmo assim, ele continuaria a se alimentar pela parenteral.
"Se tivéssemos recurso já levaríamos ele direto para Miami e pediríamos a transferência para lá, mas como não temos estamos tentando de tudo", declarou. Arthur Gabriel está internado em São Paulo desde outubro do ano passado, sem previsão de alta. O problema de saúde prejudicou o desenvolvimento dele. O pai contou que ele não fala nada e ainda não consegue se sentar sozinho.