Em Mato Grosso, 49 inquéritos e termos circunstanciados que investigam casos de trabalho análogo à escravidão estão em andamento no estado, segundo o Ministério Público Federal (MPF). Os dados são de um levantamento realizado pela Câmara Criminal do órgão. Ao todo, no Brasil, 459 inquéritos policiais e termos circunstanciados para apurar o crime tramitam na Polícia Federal.
De acordo com o levantamento, Mato Grosso é o terceiro estado com o maior número de ocorrências deste tipo no país. O estado de São Paulo, onde tramitam 70 inquéritos ou termos circunstanciados, é o campeão em investigações. Em segundo lugar aparece Minas Gerais, com 58 inquéritos.
Os inquéritos policiais, de acordo com o MPF, são de responsabilidade da Polícia Federal. Especificamente em Mato Grosso, tramitam 24 investigações deste tipo.
Resgates em Mato Grosso
De acordo com a SRTE-MT, em 2016 foram resgatados 40 trabalhadores em situação análoga à escravidão, em Mato Grosso. Os resgates resultaram de 13 ações fiscais do órgão, em todas as regiões do estado.
Segundo o órgãos, a maioria absoluta dos trabalhadores resgatados é do sexo masculino. Em 2016, apenas uma mulher foi resgatada.
Em janeiro, um idoso de 72 anos foi resgatado em Confresa, a 1.160 km de Cuiabá, após trabalhar 10 anos em troca de fumo e pinga. Neste período, ele morou em um galinheiro também usado como depósito de produtos agrícolas. A vítima trabalhava cerca de 12 horas por dia com uma breve pausa para o almoço.
Na propriedade, o idoso era responsável pela lida com o gado, ordenha e plantio de milho e mandioca. A vítima trabalhava cerca de 12 horas por dia com uma breve pausa para o almoço.
A exploração ficou evidente desde quando ele começou a trabalhar no local. Em depoimento o idoso relatou que, quando se mudou para a propriedade, havia combinado com os patrões que receberia R$ 6 por dia de trabalho. Nem mesmo esse acordo de receber muito abaixo do salário mínimo foi cumprido. Aos fiscais, ele disse que recebeu uma única vez o valor de R$ 60.