As investigações do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no âmbito da Operação Convescotes, deflagrada na manhã desta terça-feira (20), indicam que o servidor do Tribunal de Contas (TCE), Cláudio Roberto Sassioto, utilizou um “laranja” para receber cerca de R$ 500 mil no suposto esquema de irregularidades em contratos envolvendo a Assembleia Legislativa de Mato Grosso, a Unemat e a Faespe (Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual).
Conforme o documento disponibilizado pelo Ministério Público do Estado (MP), a empresa “João Paulo Silva Queiroz ME”, cujo proprietário era João Paulo Silva Queiroz – suposto “laranja”-, tinha como endereço a residência de Sassioto.
Segundo o Ministério Público, Sassioto era o “destinatário” de boa parte dos recursos pagos ilicitamente às empresas fantasmas utilizadas no esquema investigado, entre elas a “João Paulo Silva Queiroz ME”.
“De acordo com os extratos obtidos junto ao SIMBA, observa-se que no período entre 25/02/2015 a 03/06/2016 foram creditados R$474.751,80 (quatrocentos e setenta e quatro mil, setecentos e cinquenta e um reais e oitenta centavos) na conta pessoa jurídica de João Paulo, sendo detectado que aproximadamente 9% deste montante foram transferidos para a conta pessoa física de Cláudio Roberto Borges Sassioto”, cita trecho do documento
O que chamou a atenção dos agentes do Gaeco foi o fato de João Paulo, apesar de movimentar quantias expressivas em suas contas bancárias, possuir uma péssima condição financeira, além de estar desempregado.
“Cumpre destacar que, inobstante tenha sido creditado em favor de João Paulo a expressiva quantia de R$ 474.751,80 (quatrocentos e setenta e quatro mil, setecentos e cinquenta e um reais e oitenta centavos) no período de 16 (dezesseis) meses, ou seja, uma considerável média de quase R$ 30.000,00 (trinta mil reais) ao mês, a interceptação telefônica revelou ser ele uma pessoa em péssima situação financeira, o que nos leva à conclusão lógica que não era ele o real beneficiário dos valores depositados”, narram as investigações.
Além disso, agentes do Gaeco, em diligências realizadas no dia 27 de maio do ano passado, flagraram Sassioto e João Paulo deixando junto uma agência bancária, em Cuiabá.
Outro ponto destacado pelos investigadores foi a existência de uma outra conta em nome de João Paulo, na Caixa Econômica Federal, utilizada pelo investigado para receber depósitos referentes ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) do Seguro Desemprego.
“Analisando o extrato da conta bancária de João Paulo junto à Caixa Econômica Federal, fica mais evidente a aparente escassez de recursos financeiros do investigado, constatado durante as ações de buscas feitas pelas equipes operacionais”.
Cláudio Roberto Sassioto, que trabalha como terceirizado do setor de informática do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), chegou à sede do Gaeco ainda na manhã desta terça-feira e permaneceu no local até o final do dia.
À reportagem do Olhar Direto, o advogado Fernando Vareiro, responsável por sua defesa, afirmou que até às 16h40 Sassioto ainda não havia sido ouvido. De acordo com Vareiro, além do mandado de prisão preventiva decretado, uma arma de fogo também foi localizada em sua residência. Quanto às acusações, a defesa ainda não se manifestou.
Ele é apontado na investigação do MPE, como um dos grandes beneficiários do esquema de transferências de valores recebidos da Faesp (na verdade recursos públicos da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, Secretaria de Infraestrutura do Estado de Mato Grosso).