Vítima de violência doméstica por cinco anos, a administradora Paula Regina Santos, de 32 anos, criou uma plataforma virtual para ajudar mulheres vítimas também vítimas de agressões físicas. No ar desde outubro do ano passado, a plataforma oferece a ajuda de forma gratuita a mulheres de todo o país.
O site HelpHer, que em tradução literal significa 'ajude ela', funciona com 19 voluntários que auxiliam as vítimas em diferentes áreas. São psicológos médicos, dentistas, advogados e consultores empresariais cadastrados para oferecer ajuda. A idealizadora da plataforma os chama de "anjos".
"Nossa missão é conectar as vítimas a esses anjos, que são todas as pessoas de bom coração e dispostas a auxiliar, que se colocarão a disposição para ir ao socorro delas." explicou, Paula
A administradora foi vítima de violência doméstica entre 2010 e 2015. Ela contou que o ex-marido foi preso em flagrante após a última agressão, mas foi liberado após pagar fiança.
"Percebi que faltava apoio para a vida da mulher após a denúncia e o exame de corpo de delito. O relacionamento abusivo é um ciclo de dependência, seja financeira, afetiva ou sexual, que precisa de apoio para ser quebrado", afirmou.
Além da ajuda profissional, o site pode servir como uma plataforma de financiamento para que a mulher deixe de depender financeiramente do marido ou consiga um emprego. "É possível fazer uma vaquinha para começar seu próprio negócio e contar com as doações de familiares e amigos, por exemplo. É uma maneira da vítima se reeguer", explicou.
Ainda de acordo com Paula, atualmente, a plataforma orienta diretamente seis mulheres, além de atender todas as vítimas que solicitam apoio através do site ou das redes sociais.
A própria história de Paula serviu de inspiração para a criação do site. Vítima de violência, ela carrega sequelas no maxilar da última vez que foi agredida pelo ex-companheiro.
"Hoje tenho dificuldade na mastigação, e até coisas simples, como bocejar, sorrir e falar, provocam uma dor constante e que muitas vezes é insuportável", contou, explicando que precisa realizar uma cirurgia para reparar o dano.
Outros projetos
A plataforma HelpHer não foi a primeira criação de Paula para empoderar mulheres. No ano passado, ela participou de um evento , que teve como objetivo reunir empreendedores, desenvolvedores, designers e entusiastas para compartilhar ideias.
Paula e sua equipe criaram o Maprisk, startup que tem como objetivo mapear as principais áreas de risco em Cuiabá e promover sergurança. O mapa aponta os locais onde mulheres relataram terem sido vítimas de violência.
Violência contra a mulher em Cuiabá
Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT), mais de 40 mil ocorrências de violência contra mulheres adultas foram registradas em 2016 e, aproximadamente, 10 mil registros de violência contra menores.
O delegado responsável pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Várzea Grande, região metropolitana, Cláudio Álvares Santanna, diz que o medo e a dependência econômica impendem a mulher de realizar a denúncia.
"O marido ameaça, fala que se a mulher procurar a polícia ele vai matá-la, por medo a mulher não procura ajuda. Nós temos também o caso comum em que a vítima é dependente finaceiramente do suspeito", explicou o delegado.