Análises do ICV apontam que quase 90% do corte raso da floresta no Estado foi feito sem autorização.
(Cuiabá, 25/10/2017) Mato Grosso foi responsável por 20% de todo o desmatamento detectado na Amazônia no último ano. É o que mostra a análise do Instituto Centro de Vida, com base nos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na última semana. Mesmo o estado tendo assumido o compromisso internacional de zerar o desmatamento ilegal, quase 90% dos mais de 1,3 mil km² de florestas desmatadas entre agosto de 2016 e julho de 2017 não tinham autorização do órgão ambiental.
"É fundamental intensificar as ações de monitoramento e fiscalização. A implementação da autuação remota pode auxiliar o governo estadual a atuar de forma mais ágil na identificação e responsabilização dos infratores" aponta Alice Thuault, diretora adjunta do ICV.
A taxa de desmatamento da área florestal na Amazônia, levantada pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), foi de 6.624 km². Essa taxa de 2017 representa uma redução de 16% no desmatamento da Amazônia como um todo e de 10% em Mato Grosso. Mesmo assim, não há motivos para comemoração.
Há dois anos, o governador de Mato Grosso, Pedro Taques, se comprometeu na COP21, em Paris, a eliminar o desmatamento ilegal até 2020. Mas a meta ainda está longe de ser cumprida. Nos últimos 12 meses, 1.193 km² de floresta foram eliminadas sem autorização da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de Mato Grosso – 89% do total. O resultado é levemente melhor que em 2016, quando a ilegalidade foi de 95%.
O desmatamento legal, 145 km² de vegetação nativa, também alerta para a baixa capacidade de cumprimento das metas voluntárias de combate às mudanças climáticas, já que o governo de Mato Grosso se comprometeu a manter o desmatamento abaixo de 571 km² até 2030.