Relatório do Greenpeace afirma que madeireiras mantiveram exportações e que investigações não prejudicaram em nada a atuação delas. Empresário suspeito de mandar matar 9 pessoas para exploração de madeira na área está foragido desde maio.
A chacina que matou nove pessoas em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, neste ano, não prejudicou em nada a atuação das madeireiras de propriedade do empresário Valdelir João de Souza, acusado de ser o mandante do massacre, ocorrido em abril deste ano. Em um relatório divulgado nesta semana, a ONG Greenpeace afirma que as duas empresas dele continuam funcionando em pleno vapor, apesar do dono estar foragido.
A informação, segundo o relatório denominado "Madeira manchada de sangue", da organização ambientalista, foi constatada durante vistoria de campo, realizada em julho de 2017 na região da divisa entre Mato Grosso e Rondônia.
Polaco Marceneiro, como é mais conhecido, teve a prisão decretada em maio deste ano após o Ministério Público Estadual (MPE) concluir que ele mandou matar os moradores da região porque estava interessado na exploração ilegal de madeira na região e denunciá-lo. No entanto, nenhum dos cinco acusados do crime está preso.
"A invasão da indústria madeireira e a deixam as populações rurais em risco de desapropriação, violência e até de morte. Há muitos relatos de intimidação e de assassinatos e tentativas de homicídios", diz o relatório.
Valderli é proprietário da Madeiras G.A., em Colniza, e da Madeireira Cedroarana, localizada em Machadinho d’Oeste, no interior de Rondônia. As empresas atuam na exportação de madeira para vários países, como Alemanha, Estados Unidos, França, Holanda, Dinamarca, Itália, Bélgica e Japão.
Inclusive, de acordo com o relatório, no dia 19 de abril, data em que ocorreu a chacina em Colniza, a Madeireira Cedroarana embarcou cargas de madeira para o exterior, sendo que algumas para a Europa, em navios que saíram do Porto de Paranaguá, no Pará.
Enquanto as investigações sobre a chacina seguiam, as empresas continuavam exportando, sem nenhuma interferência.