Os impactos da suspensão da importação de carne suína pela Rússia, a partir de 1º de dezembro, não devem ser sentidos imediatamente pelos produtores. O diretor executivo da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues, afirmou que os produtores esperam que até fevereiro o país reveja a decisão de restringir a importação de carne brasileira.
De acordo com Custódio, as exportações de carne suína para Rússia e Hong Kong representam aproximadamente 70% do total.
“A grande demanda de carne suína importada pela Rússia fez com que, em 2017, tivéssemos um dos momentos mais satisfatórios nos preços da produção de suíno cultura”, explicou.
A Rússia também ocupa a quarta posição entre os países que mais importam a carne produzida em Mato Grosso. Em 2017, cerca de 37 milhões foram arrecadados com a exportação de carne para o país.
Entre dezembro e janeiro, a exportação para o país ocorre em menor demanda por causa inverno rigoroso. Por causa do frio intenso e neve, os portos russos paralisam o serviço.
“Esperamos que essas questões possam ser contornadas e que os impactos da suspensão sejam poucos ou nenhum”, disse.
Caso a suspensão se estenda até fevereiro de 2018, os impactos financeiros devem começar a ser sentidos pela pecuária brasileira.
A medida seria uma forma de pressionar o governo brasileiro para autorizar que a Rússia venda milho, peixes e carne bovina para o Brasil.
“Temos que observar que, cada vez que exportamos um contêiner, precisamos importar um também. O Brasil é um país que exporta muito, mas ainda importa muito pouco de outros países”, disse Custódio.
Suspensão
O serviço sanitário da Rússia divulgou nessa segunda-feira (20) que as compras de carna bovina e suína serão suspensas a partir do dia 1º de dezembro, após detectarem a presença de uma substância chamada ractopamina em lotes de carne.
A ractopamina utilizada como promotor de crescimento é permitida em alguns países que importam carne brasileira, mas é proibida na Rússia.
O Ministério da Agricultura informou que ainda não foram notificados oficialmente sobre a medida, mas garantiram que é impossível haver a presença da substância em lotes de carne que foram importados para o país, pois os abates de animais para atender a Rússia são feitos separadamente.
O mesmo posicionamento é reforçado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (Apba) e pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). A Abiec ressaltou que desde 2012 o uso da ractopamina é proibido no Brasil.