As famílias que tiveram os filhos trocados no Hospital Regional de Alta Floresta, a 800 km de Cuiabá, tentam se adaptar aos seus bebês biológicos. Depois de viver quase um ano com as crianças trocadas, está sendo difícil retomar a rotina.
Depois de muita angústia, Franciele Monteiro Garcia recebeu a confirmação que tanto suspeitava. O filho que cuidava desde o nascimento não era o que ela deu à luz.
O filho biológico estava com outra família. Os bebês foram trocados em maio de 2017, no hospital Alta Floresta.
"A gente chorou e se emocionou, porque realmente dói. Foi uma perda e um ganho. A gente perdeu aquele com quem convivíamos durante esses 11 meses e ganhamos outro", afirmou Francielli.
O resultado do exame de DNA pedido pela Justiça e que confirmou as trocas saiu na semana passada. As famílias ficaram tristes com a história.
“Nunca me doei assim tanto, tanto como me doei pro outro, achando que era meu filho mesmo. E eu estou sentindo muita falta dele”, afirmou o pai da outra criança, Afonso Souza Vieira.
A destroca dos bebês ocorreu há poucos dias. Desde então dois sentimentos estão muito presentes na casa. A alegria por estar com o filho biológico e a saudade da criança que viveu por 11 meses com a família.
“Eu sei que meu filho biológico precisa de mim, do meu amor e o que eu estou tentando dar para ele. Vai demorar um pouco pra me acostumar”, declarou Erivânia da Silva Santos.
As famílias e as crianças ainda vão levar um tempo para se acostumarem. Uma assistente social está ajudando neste momento de adaptação. As famílias não entendem o erro cometido no hospital.
O advogado, que representa uma das famílias, disse que vai entrar com um processo por danos morais contra o hospital.
“Eles estão pagando por algo que eles não devem, o sofrimento é muito grande. Estamos falando de ser humano, da coisa mais valiosa que existe que é a vida”, comentou Gerson Luiz Severo.
A reportagem procurou a direção do Hospital Albert Sabin, que não quis gravar entrevista. Foi aberto um procedimento administrativo para apurar como aconteceu a troca dos bebês na maternidade, logo após os partos.