A Polícia Judiciária Civil deflagrou na manhã desta quinta-feira (23.08) a 3ª fase da operação “Etanol”, para cumprimento de 50 ordens judiciais (46 mandados de busca e apreensão e 4 mandados de prisão) nos Estados de Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Minas Gerais, Paraná e São Paulo.
Os quatro presos na operação são Adriano Froelich Martins, ex-gerente da cooperativa, preso em Jaciara (MT), Haran Perpétuo Quintiliano, responsável por abrir empresas fantasmas, preso em Cuiabá (bairro Duque de Caxias), Heberth Oliveira Silva, ex-responsável pelo setor de compras, preso em Sapezal (MT), e Júnio Jose Graciano, ex-gerente financeiro da empresa, preso em Marília, Sao Paulo.
Também foram apreendidos veículos de alto padrão (BMW, Fiat Toro, e Grand Cherokee) nas cidades de Jaciara e Cuiabá, documentos e dinheiro em espécie.
Mais de 160 policiais (delegados, escrivães e investigadores) foram mobilizados para o cumprimento das ordens judiciais nos seis estados da federação. Detalhamento da operação será apresentado pelo delegado Adil Pinheiro de Paula, às 09h30, no auditório da Diretoria Geral da Polícia Civil, em Cuiabá, com a presença também do delegado geral, Fernando Vasco, e do diretor de interior, Wladimir Fransosi e os delegados da Inteligência, Eduardo Botelho de Paula, e Luiz Henrique de Oliveira.
A investigação, conduzida pela Delegacia da Polícia Civil do município de Campo Novo dos Parecis (396 km a Noroeste), apura desvios de cerca de R$ 28 milhões da cooperativa de produtores de álcool e cana-de-açúcar, a Coprodia. A cooperativa tem 46 cooperados, divididos em 19 famílias, quase todas moradoras de Campo Novo do Parecis, e constitui importante fonte de renda e emprego da cidade.
Na fase atual da operação, 3 ex-funcionários da cooperativa e a pessoa responsável pela abertura de empresas de fachadas para lavar o dinheiro estão com ordens de prisão decretadas. Alguns têm mais de um domicílio e serão notificados nas cidades ou estados que forem encontrados. Outros endereços (residências e empresas fantasma) serão alvos de busca e apreensão de materiais comprobatórios à investigação.
O delegado que preside a investigação, Adil Pinheiro de Paula, informou que o objetivo da nova fase da operação é arrecadar elementos e apreender documentos fiscais e contábeis, que comprovem a movimentação financeira já detectada e investigada pela Polícia Civil, em parceria com o Ministério Público.
“Esses mandados irão ajudar a comprovar que muitas das empresas que forneceram notas fiscais a cooperativa, na verdade não existem, eram empresas fantasmas”, disse.
Em Mato Grosso são cumpridos mandados de prisão e buscas nas cidades de Cuiabá (12), Várzea Grande (1), Araputanga (3), Campo Novo dos Parecis (7), Tangará da Serra (5), Santo Antônio do Leverger(1), Sapezal (2), Sinop (1), Porto Espiridião (2) Primavera do Leste (3) e Jaciara (1).
No Estado de Goiás, dois mandados de busca e apreensão são cumpridos em Goiânia. No Paraná serão realizadas buscas nas cidades de Ponta Grossa (2) e Tibagi (1). Em São Paulo os endereços estão localizados nas cidades de Marília (1), Ribeirão Preto (1), Mogi Mirim (1) e São Paulo (6). Em Minas Gerais serão duas buscas nas cidades de Itauiutuba (1) e Juiz de Fora (1). No Estado de Rondônia será cumprido um mandado de busca na cidade de Cacoal.
A operação conta com apoio das delegacias da Diretoria de Atividades Especiais (DRE, GCCO, GOE, DEFAZ), delegacias da Diretoria de Interior, Diretoria de Inteligência e das Polícias Civis dos Estados de Goiás, Rondônia, Minas Gerais, Paraná e São Paulo. O efetivo empregado é de 166 policiais civis, entre delegados, escrivães e investigadores.
Fases 1 e 2
A 1ª fase da operação foi deflagrada em julho de 2017, em cumprimento de decisão judicial da 2ª Vara da Comarca de Campo Novo do Parecis, com parecer positivo do Ministério Público, para bloqueio dos bens de Nivaldo Francisco Rodrigues, apontado como um dos chefes do esquema criminoso. Foram bloqueados 15 imóveis em Campo Novo dos Parecis, 7 bens localizados em Juína, Cuiabá e Paraná, além de recursos financeiros, automóveis e gado, demonstrando o enriquecimento ilícito do suspeito.
O ex-diretor financeiro da cooperativa foi preso na 2ª fase (12/06/2018), após a Polícia Civil descobrir, que mesmo sendo monitorado por tornozeleira eletrônica, ele continuou movimentando dinheiro da cooperativa. Entre o final de 2017 e começo de 2018 foram cerca de R$ 1 milhão – ato que estava expressamente proibido por determinação judicial.
Segundo a investigação, Nivaldo é o chefe da organização criminosa, sendo o elo entre as empresas (fantasmas) que forneciam as notas falsas de prestação de serviço e o dinheiro da cooperativa. Ele também ficava com a maior parte do dinheiro desviado.
“Muitas vezes Nivaldo agiu sozinho, contando apenas com a colaboração de outros criminosos de fora da empresa. Outras vezes, contou com a participação de outros funcionários da Coprodia”, detalhou o delegado.
Durante buscas realizadas no dia 12 de julho de 2017, a Polícia Civil apreendeu farta documentação que prova o enriquecimento ilícito de Nivaldo Francisco, nos últimos anos. "Encontramos provas da movimentação de milhões de reais em curto espaço de tempo. Aquisição de muitos imóveis, rurais e urbanos, além de automóveis, contratos de aluguel, anotações sobre a construção e imóveis com gastos na casa de centenas de milhares de reais", disse Adil Pinheiro.