Mauro Mendes (DEM) disse em entrevistas que tem motorista de 'golzinho' ganhando R$ 15 mil na Empaer e servidor que serve cafezinho com salário de R$ 13 mil Empaer é uma das seis autarquias que o novo governo pretende extinguir.
Em uma carta aberta, servidores da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) reclamam da forma como o novo governador Mauro Mendes (DEM) se referiu aos profissionais da autarquia, em entrevistas concedidas desde a posse. Conforme o documento, Mendes usou "tom de deboche" ao mencionar os salários de auxiliar de serviços gerais e de motoristas do órgão.
"Ele diz o seguinte, em tom de deboche: "Lá (Empaer) funcionaria de serviços gerais que serve cafezinho tá ganhando 13 mil; motorista, desses de golzinho ganhando 15 mil e; técnico agrícola ganhando 17 mil", diz trecho da carta.
A Empaer é uma das seis autarquias que o novo governo pretende extinguir, no pacote de medidas que visam reduzir as despesas do funcionalismo público.
Em entrevista concedida à Centro América FM na semana passada, Mendes afirmou que existe servidores recebendo "super salários" no estado e citou a Empaer, como justificativa para a extinção. "Tem servidor público que é motorista, de um golzinho, ganhando R$ 15 mil na Empaer. Gente que é serviços gerais, que serve cafezinho, e ganha R$ 13 mil", declarou.
No entanto, segundo os servidores da Empaer, esses salários são pagos aos profissionais que já estão no topo da carreira e fizeram todas as progressões.
"Para se alcançar estes salários não é fácil e nem rápido, é necessário cumprir com o que determina o Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCS)", argumentam.
Os projetos para a extinção das autarquias e de nove secretarias, entre outras medidas que visam cortar despesas, foram entregues pelo Executivo ao Legislativo, na quinta-feira (10), e já estão sendo discutidos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
Para viabilizar a extinção das entidades, o governo disse que poderá criar um programa de demissão voluntária. Além disso, os servidores de carreira dos órgãos desmembrados serão redistribuídos e remanejados para outros órgãos, por meio de decreto.
As extinções, conforme o governo, não acarretarão na perda dos serviços públicos, uma vez que as funções serão incorporadas pelas secretarias.
Além da Empaer, o governo pretende extinguir a Agência de Fomento de Mato Grosso (MT Fomento), Central de Abastecimento (Ceasa), Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Empresa Mato-grossense de Tecnologia da Informação (MTI) e a Agência de Desenvolvimento Metropolitano da Região do Vale do Rio Cuiabá (Agem).
Veja abaixo a carta na íntegra:
"Olá a todos,
Venho aqui esclarecer algumas notícias que o Governador do estado de Mato Grosso, Mauro Mendes, está propagando na mídia pra justificar a proposta elaborada por ele e que se encontra na Assembleia Legislativa para votação sobre a extinção da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural - EMPAER.
O discurso dele é sempre o mesmo, e quem não viu consegue encontrar isso facilmente na internet. Ele diz o seguinte, em tom de deboche: "Lá (Empaer) funcionaria de serviços gerais que serve cafezinho tá ganhando 13 mil; motorista, desses de golzinho ganhando 15 mil e; técnico agrícola ganhando 17 mil".
Bom, vamos lá,
1° - A EMPAER não possui tabela salarial própria, ela, assim como o INTERMAT, seguem a tabela do INDEA-MT, órgãos estes que recebem legalmente e merecidamente as remunerações previstas nesta tabela.
2° - Recebem estes salários, profissionais que já estão no topo da carreira, e fizeram todas as progressões possíveis. Para se alcançar estes salários não é fácil e nem rápido, é necessário cumprir com o que determina o Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCS). Lá determina que as progressões são feitas a cada 3 ou 5 anos, dependendo do caso, sendo que para mudança de nível utiliza-se o tempo de serviço e para mudança de classe necessita-se de qualificação profissional (isso é bom pois incentiva o profissional a estar sempre atualizado e qualificado para melhor exercer suas funções e em contra partida o estado o remunera para isto). Na tabela existem 12 níveis e 4 classes e para alcançar o topo da carreira e receber estes salários de 13, 15 e 17 mil reais precisa-se, resumidamente, ter mais de 30 anos de serviço, mais de 500 horas de cursos e formação acima do que o cargo exige, ou seja, necessita-se ter nível superior, e quem é concursado para cargo de nível superior, necessita ter Mestrado e/ou Doutorado para poder ter acesso ao topo da carreira.
3° - O que o governador não mostra: Empregados da EMPAER que muitas vezes trabalham mais de 12 horas por dia, utilizam seus veículos e equipamentos particulares para prestar atendimento, tiram dinheiro do bolso para custear as despesas necessárias para funcionamento dos escritórios, consertar veículos, consertar e comprar equipamentos para execução do trabalho, dar manutenção e formar os escritórios, fazem serviços além de suas obrigações, entre diversas outras dificuldades, tudo isso com o intuito de ajudar os produtores rurais do estado de Mato Grosso. Mesmo com todas essas dificuldades os empregados vêm desempenhando, na medida de suas possibilidades, os trabalhos que lhes é demandado.
A EMPAER está presente em 135, dos 141 municípios do estado de Mato Grosso e nos últimos 3 anos realizou mais de 427 mil atendimentos para 57.096 agricultores; Elaborou projetos de credito rural que liberaram 304,5 milhões de reais aos produtores rurais do estado; Realizou 246 experimentos de pesquisas; Montou 378 unidades de referência tecnológica, 132 unidades de validação; Comercializou mais de 2 milhões de alevinos; Emitiu mais de 27 mil Declarações de Aptidão ao Pronaf (DAP); Realizou 36 encontros de mulheres rurais, alcançando um público de 16.840 mulheres; Realizou quase 100 mil analises de solo; entre diversos outros serviços.
Convido toda população a conhecer a EMPAER, ir no escritório de sua cidade, acessar o site da empresa (http:www.empaer.mt.gov.br/) e verificar os trabalhos prestados e a importância desta instituição para o estado de Mato Grosso.
Não vamos deixar esta importante instituição morrer, vamos lutar pela continuidade dos serviços da EMPAER. Os produtores rurais de Mato Grosso precisam dela. Lembrem-se, Mato grosso vive da agropecuária, investir neste setor é investir no estado, acabar com a empresa que presta serviços de políticas públicas essenciais, principalmente os pequenos, é ir contra o desenvolvimento do estado."