Parte dos servidores estaduais de Mato Grosso cruza os braços nesta terça-feira, 12, em protesto por atraso salarial e do 13º e pela suspensão do pagamento da RGA. O manifesto é um alerta de 24 horas.
Em Sinop, o quarto maior município mato-grossense, parturientes atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não podem dar à luz naquela cidade por conta da suspensão do atendimento por parte de uma maternidade conveniada com o SUS e que não recebe do governo de Mato Grosso pelos serviços prestados. A alternativa é o turismo de parto, que leva as mulheres para o Hospital Regional de Sorriso, distante 80 quilômetros.
Fornecedores e prestadores de serviços ao governo estadual, com haver em aberto desde o ano passado, não recebem e o governador Mauro Mendes (DEM) sugere que os mesmos rezem.
O governo de Mato Grosso não executa obras nem desenvolve programas sociais alegando falta de recursos financeiros.
A rede física escolar está em péssimas condições e, em alguns casos, com escolas insalubres.
A frota policial está reduzida por falta de pagamento à empresa que loca viaturas.
O chefe da Polícia Civil estuda o fechamento de delegacias nas pequenas cidades.
O Tribunal de Justiça avalia fechar comarcas em razão da redução do duodécimo.
Em meio a esse caos Mauro Mendes alugou uma mansão por R$ 109 mil para abrigar sua guarda pessoal – alugou para o contribuinte pagar.
A malha rodoviária virou queijo suíço.
Alunos da rede pública neste ano não receberão uniformes doados pelo governo estadual.
Mauro Mendes baixou decreto declarando estado de calamidade financeira.
Mauro Mendes quer ampliar a base tributária, lançar novos impostos e aumentar alíquotas.
Mauro Mendes recebeu carta branca da Assembleia – por sua legislatura anterior, que em parte remanesce – para não pagar RGA.
Mauro Mendes demite seis e contrata meia dúzia de comissionados. Não consegue enxugar a máquina administrativa.
Mauro Mendes com sua política de fechar empresas públicas, sem clareza sobre essa meta, cria clima de intranquilidade funcional.
Mauro Mendes nomeou para a Secretaria de Ciência e Tecnologia Nilton Borgato, que foi preso acusado de cometer crime ambiental e de utilizar maquinário da prefeitura de Glória D’Oeste, administrava, para construir tanque de piscicultura e abrir estrada em sua propriedade.
A situação financeira em que Mato Grosso se encontra – se tem a dimensão dada por Mauro Mendes é outra conversa – foi provocada pelo ex-governador Pedro Taques e sua equipe. Mauro Mendes compartilhou o governo com Taques e se cerca de assessores que compunham a equipe do mesmo Taques, a exemplo de Rogério Gallo, o secretário de Fazenda.
Estranho, muito estranho que a alardeada crise financeira seja monovia. O fluxo de entrada no caixa do governo nunca foi interrompido e sempre aumenta. O que não se compreende é para onde vai essa dinheirama.
Por todos os lados onde se olha no Palácio Paiaguás se vê, se nota e se sente a presença do governo Taques, a começar por Mauro Mendes e seu vice Otaviano Pivetta (PDT).
Mauro Mendes perdeu o apoio popular que o elegeu em primeiro turno. Não tem mais liderança sobre o funcionalismo público. É uma figura isolada, blindada pela Assembleia Legislativa sempre subserviente e pela maior parte da Imprensa, que tradicionalmente é governista.
Antes que se percam vidas por falta de atendimento hospitalar, antes que se comprometa a Educação, antes que as rodovias fiquem intransitáveis, antes que o funcionalismo entre em desespero, antes que se jogue no ralo a abençoada e ensolarada Terra de Rondon, Mauro Mendes e Pivetta devem renunciar. Não é muito pedir a renúncia de ambos. É apenas o exercício da lógica jornalística em defesa do mato-grossense.
Com a renúncia Mato Grosso volta às urnas e com serenidade poderá escolher seus novos governantes para um mandato que será um pouco mais curto do que o tradicional, mas que impedirá a consumação da catástrofe que se anuncia.