O Cemitério Municipal de Pontes Lacerda pode ser chamado por qualquer nome. Menos de Recanto da Paz. O Jornal Centro Oeste tem denunciado à anos o total descaso que tem sido tratada a última morada dos pontes-lacerdense. Afinal, morto não vota.
O único procedimento que parece correto no processo de sepultamento é a parte da administração municipal. Segundo conseguimos apurar, quando ocorre o falecimento de uma pessoa a prefeitura emiti uma autorização de sepultamento após o pagamento de uma taxa, é lógico. A partir daí, não há mais qualquer controle ou registro.
A Prefeitura sabe quem morreu, através da Guia de Sepultamento e da taxa. E só. Não há registro ou identificação por iniciativa da Secretaria de Obras onde os corpos estão sepultados. Isso só o coveiro e os familiares que compareceram no enterro sabem. Já está comprovada e admitida por servidores municipais a absoluta falta de administração daquele espaço público.
A partir daí, as denúncias são de todas as ordens. Nestes últimos dias, coveiros e pedreiros são acusados de cobrarem serviços que são públicos, como abertura de covas e os valores variam.
As covas são abertas no solo como enterravam nossos antepassados até o século XIX. Abre-se uma vala sem qualquer medida prévia – antigamente tinha, a decência de serem “a sete palmos de terra virgem” – colocando o caixão e jogando terra em cima, com pás e enxadas.
O coveiro pede aos familiares que marquem bem o local do sepultamento porque não há controle da localização e nem da identificação.
A partir daí, no silêncio mortal do cemitério, o mundo dos vivos continua. Troca de túmulos na calada da noite, retirada de restos mortais para um destino incerto, sepultamento de corpos em cima de outros corpos.
“Todo local que a gente fura cova, tem defunto”, afirmou o coveiro.
No dia 15 de junho do ano passado, o Blog do Vieira registrou que o Cemitério só tinha dez covas disponíveis e nos corredores. Em Pontes e Lacerda a média de sepultamento é de 45 corpos por mês.
No dia 08 de abril deste ano, a Prefeitura de Pontes e Lacerda informou à Câmara de Vereadores que não tinha previsão para construir um novo Cemitério. A notícia foi anunciada em plenário pelo Presidente Maxsuel Guimarães.
Um advogado disse que podem estar sendo cometidos pelo menos dois crimes no Cemitério, “O desaparecimento de um sepulcro ou corpo e a violação e profanação de sepultura”.
O local onde enterremos nossos entes queridos em Pontes e Lacerda não merece ser chamado de cemitério. Está mais para aterro funerário Recanto da Paz.
A sociedade exige que se faça alguma coisa.
Michelle Garcia/ Tv Centro Oeste