Os veículos Toyota Hilux, Chevrolet S-10 e Toyota Corolla ocupam o topo da lista de modelos mais roubados e furtados em Mato Grosso.
Os dados são da Susep (Superintendência de Seguros Privados) e levam em conta veículos cobertos por seguro e que foram roubados ou furtados.
O levantamento mais recente feito pela empresa é de 2019 e diz respeito apenas a veículos de passeio e picapes, tanto nacionais quanto importados.
Segundo a Susep, em função da pandemia da Covid-19 e da implementação de um novo sistema de dados, ainda não foi possível trazer números atualizados do ano de 2020 e do primeiro semestre de 2021.
No entanto, os dados anteriores mostram que os modelos presentes no topo da lista normalmente se repetem ano a ano.
Ocupando o primeiro lugar na lista de preferência dos ladrões, as caminhonetes Hilux são em geral levadas para a Bolívia.
Em março de 2020, uma mulher foi abordada a luz do dia por um criminoso armado no Bairro Duque de Caxias.
Sem poder reagir, a vítima precisou entregar a bolsa com a chave do carro ao bandido, que foi flagrado fugindo com a caminhonete.
O bandido agiu com truculência, tirando à força e jogando no chão a mulher que estava no carro.
A subtentente da Polícia Militar, Lílian Pereira, que atua na comunicação do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), explica que as escolhas dos ladrões não são por acaso.
De acordo com ela, esses dados de furtos e roubos no Estado refletem a forma como as organizações de tráfico de drogas funcionam em Mato Grosso.
A militar explica que, via de regra, os veículos roubados e furtados no Brasil são vendidos dentro da Bolívia.
O país vizinho é uma grande produtora mundial de cloridrato e pasta-base de cocaína. E, normalmente, os carros são trocados por esses entorpecentes.
“O que acontece é que o governo boliviano não exige a procedência do veículo para legalizá-lo dentro do país. Isso incentiva essa prática de roubo e furto dentro do Brasil”, explica.
Seguindo os dados da Susep, Lílian afirma que os veículos mais valorizados para fazer essa troca é a Hilux e o Corolla. Isto ocorre por causa da maior resistência e duração dos veículos.
Esses veículos, que ocupam o top 3 da preferência dos ladrões, são o que “mais aguentam rodar” na Bolívia, segundo a militar.
Isto porque no país a população usa uma mistura de aditivos com diesel comum ou gasolina pura para abastecer os veículos; e outros modelos não se adaptam a essa transição de combustível.
Para o tráfico, a Hilux e o Corolla são vistos como os que mais têm durabilidade. Dessa forma, a troca é feita por quantidade de tijolos ou tabletes correspondes ao valor do veículo já na Bolívia.
Segundo a subtentente, uma caminhonete Hilux de 2021, avaliada em cerca de R$ 280 mil, vale de 6 a 8 kg de cocaína. Já um Corolla do mesmo ano, que custa cerca de R$ 137 mil, pode ser trocado por 3 a 4 kg da droga.
A quantidade de entorpecentes pode diminuir de acordo com o ano do carro e também a respeito do estado da lataria, caso esteja danificada.
“Os veículos roubados ou furtados no Brasil servem de fonte para o tráfico e toda a violência que envolve esta prática”, afirma.