Mato Grosso, que já é o maior produtor de gergelim do Brasil, trabalha para se posicionar como uma potência mundial na produção do grão, assim como já acontece com a soja e a proteína animal. Em busca desse objetivo, o estado inicia estudos de cultivares do gergelim chinês.
Em março, foi firmado um Termo de Cooperação Técnica entre o Instituto Mato-grossense de Feijão, Pulses, Culturas Especiais e Irrigação (Imafir) e o Centro de Pesquisa de Gergelim da Academia de Ciências Agrícolas de Henan, na China. A parceria, com vigência de 3 anos, vai permitir o intercâmbio de conhecimento, tecnologia e inovação no cultivo de gergelim, com foco em pesquisa, desenvolvimento e comercialização internacional.
Conforme o presidente do Imafir, Hugo Henrique Garcia, a parceria simboliza um compromisso sólido com o avanço da pesquisa, da inovação e da abertura de novos mercados para produtores brasileiros, que não só fortalece o desenvolvimento técnico e científico da cadeia produtiva do gergelim, mas também amplia as possibilidades de comercialização de valor e sustentabilidade para os produtores brasileiros.
“O Brasil, um dos líderes globais em produção agrícola, tem na cultura do gergelim uma oportunidade extraordinária de expansão. A China, com sua tradição e expertise no cultivo e no consumo do gergelim, torna-se um parceiro estratégico essencial nessa jornada”, afirma Hugo Garcia.
Mato Grosso é responsável, atualmente, por 66% da produção brasileira de gergelim. De acordo com a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) na safra 2024/25 425 serão 425 mil hectares do grão plantados no estado, com uma produção de 219,3 mil toneladas. A produtividade deve chegar a 516 quilos por hectares.
Em 2024, o estado foi responsável por 64% das exportações brasileiras do grão, movimentando R$ 1,3 bilhão e enviando o produto para 26 países, incluindo Índia, México, Vietnã e Egito.
Com a recente abertura do mercado chinês para o gergelim brasileiro, a expectativa é transformar o grão em uma cultura ainda mais relevante em relação ao patamar em que se encontra.
O potencial chinês para a importação de gergelim impressiona. O país consome 1,4 milhão de toneladas por ano, importando cerca de 1 milhão de toneladas, mais que o dobro da produção brasileira. O produto é amplamente utilizado na alimentação chinesa, principalmente na produção de óleo de gergelim, ingrediente essencial na culinária asiática.
Segunda safra
Por ser resistente as condições de seca, a planta do gergelim se tornou uma alternativa viável para os produtores da região Centro-Oeste, diante do baixo custo de produção e da pouca exigência de adubação. O grão já se tornou uma opção de segunda safra para muitos produtores rurais, substituindo o milho.
Em Mato Grosso, a janela para o plantio de gergelim se inicia em fevereiro e se estende até meados de março, enquanto a colheita ocorre entre maio e junho e deve ser realizada antes da abertura das cápsulas.
O gergelim é uma planta herbácea anual e tem a sua origem na Ásia. Sua semente apresenta um elevado teor de óleo de alta qualidade nutricional, sendo processada para a obtenção de óleo e produtos alimentícios. Parte importante do gergelim produzido no Brasil é exportada, sendo utilizado para a produção de óleo e para a fabricação de cosméticos.
Além de Mato Grosso, o grão é produzido também no Pará, onde 64 mil toneladas estão estimadas, em Tocantins (49,9 mil toneladas) e Goiás (1,5 mil toneladas).