Uma mãe alega que a filha de 7 anos sofreu racismo em um projeto social em Cuiabá, por ser negra. Segundo a auxiliar de serviços gerais Gleice Kelly Marcal de Arruda, a menina disse que não queria mais participar das aulas porque outras crianças tinham dito que não brincariam com ela, porque é negra.
Ao G1 a assessoria de imprensa do projeto informou que não tem conhecimento do caso.
De acordo com Gleice, tem cerca de duas semanas que a filha passou a demonstrar resistência em participar do projeto. A princípio, ela não teria dito para a mãe o verdadeiro motivo.
Somente no início desta semana, a menina contou à tia que não queria mais participar das aulas do projeto porque um grupo de crianças havia dito que não brincariam com ela por causa da cor de pele.
Gleyce disse que pretende conversar com a coordenação e explicar o que aconteceu, antes de registrar denúncia.
Ela disse ainda que não é primeira vez que a filha relata a ela situações de discriminação.
“Minha filha já me falou de casos na escola, mas nunca disse que queria parar de estudar. Mas, dessa vez, ela ficou muito triste”, contou.
Gleyce disse que ficou tão surpresa ao saber que a razão da filha deixar de participar de algo benéfico para ela era racismo, a ponto de não soube o que fazer.
“Fiquei tão chocada na hora que quando a minha irmã me contou que não consegui reagir”, contou.
Gleyce disse que se sentiu triste por perceber que a filha foi vítima da mesma discriminação que sofreu na adolescência.
“Meus amigos e eu nos candidatamos para trabalhar com panfletagem, mas o contratante disse que eu não poderia participar por causa da minha cor”, lembrou.
A diferença, segundo ela, é que, na época, os amigos ficaram do lado dela e disseram que, se ela não poderia trabalhar, eles também não iriam.
Apesar da ofensa, Gleyce entende que as crianças reproduzem o que escutam e alertam para os adultos orientem melhor as crianças.
“As crianças não agem assim por natureza, elas escutam alguém dizer e repetem, por isso peço que os pais tenham mais atenção e orientem melhor os seus filhos, assim como eu faço com a minha filha. Respeito é fundamental”, desabafou.