O presidente do Sindicato das Revendedoras de Gás de Mato Grosso (Sinergás - MT), Alan Tavares, afirmou que todo o estado já sofre com o desabastecimento do gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha. Alguns locais, onde o produto ainda é encontrado, estão praticando preços exorbitantes, chegando a casa dos R$ 200. Conforme o presidente, esse tipo de "oportunismo" é verificado entre vendedores ilegais.
"O mercado é livre, flutuante, obedece a lei da oferta e procura, mas existem alguns oportunistas, gananciosos, que ao invés de ajudar, de ter bom senso, aproveitam para por mais dinheiro no bolso. Isso parte mais dos ilegais, dos oportunistas", disse. O gás de cozinha é vendido em média a R$ 95 na grande Cuiabá.
Já no interior do estado, o botijão neste momento de crise pode ser encontrado por até R$ 160. Em tempos normais o preço médio praticado é de R$ 110.
"A situação está caótica. O gás no interior já acabou, aqui também. O produto tem na refinaria, nas estradas, mas com essa paralisação não tem como chegar nas engarrafadoras. Nós estamos aqui em Cuiabá sem o produto, Várzea Grande sem o produto, interior sem o produto", pontuou Tavares.
Para tentar minimizar o impacto, o Sindicato pediu auxílio para a Casa Civil. Isso porque existem carretas com gás na estrada, região de Rondonópolis, que precisam chegar até o Distrito Industrial, em Cuiabá, para que o produto seja envazado e distribuído. Ainda assim, a medida é paliativa, uma vez que abastecerá apenas 30% do mercado na grande Cuiabá. Caso as carretas cheguem ao destino hoje, até o final de semana haverá gás no mercado.
Já para abastecer a região de Sinop, existe um caminhão com oito mil botijões paralisado na cidade de Nova Mutum. No entanto, conforme Tavares, a quantidade é pequena para abastecer a região norte, que conta com aproximadamente 400 mil habitantes. "Vai ser como pólvora. Não dará para nada. Chega e acaba".
A previsão é que com o fim da paralisação, o abastecimento na grande Cuiabá leve até 15 dias para ser normalizado. Já no interior do estado esse tempo deverá ser maior, chegando a até 60 dias para o reabastecimento a contento.
Até o momento, o setor já estima prejuízos na ordem de R$ 35 milhões. Mensalmente o setor movimenta R$ 70 milhões, sendo que deste montante, cerca de R$ 10 milhões são pagos em impostos ao Governo do Estado.
Para Tavares, o reflexo da falta de gás de cozinha será sentido mais fortemente em 15 dias. "O estado todo está desabastecido. Tem cidades que já acabaram o gás. Um gás dura o período médio de 45 dias por família. Quanto acontece esse cenário de crise, muitos se previnem. Se tem no mercado compra e estoca, então não fica tão ansioso. Mas a maioria das famílias tem poder aquisitivo baixo, não consegue estocar. Nos próximos 15 dias vamos sentir a falta do produto".
A empresa Top Gás registrou o final do estoque na manhã desta terça-feira (29). "Amanhecemos com 400 botijões. Racionamos e entregamos apenas um por família e praticamos o mesmo preço do restante do ano", disse Tavares.
Antes da paralisação, a empresa se precaveu montando um estoque de 4 mil botijões de gás.