Daiane Gonçalves sentiu contrações durante uma sessão de quimioterapia e deu à luz 40 minutos depois. Ayla Maya nasceu prematura com 34 semanas, mas saudável e sem riscos à saúde.
Uma mulher diagnosticada com câncer de mama durante a gravidez deu à luz durante uma consulta oncológica, logo após realizar uma sessão de quimioterapia, nessa quarta-feira (5), em um hospital particular de Cuiabá. Ayla Maya nasceu prematura com 34 semanas, mas saudável e sem riscos à saúde. Ela tem 44 centímetros e pesa 2,450 kg.
Ao G1, a mãe Daiane Gonçalves contou que ficou assustada no início, mas feliz após ver que a filha estava bem.
“Não deu tempo nem de ir para o centro cirúrgico, a bebê nasceu no box de emergência do pronto atendimento. Foi algo que não esperava naquele dia e nem naquele momento, mas foi maravilhoso ver que ela nasceu bem e com saúde, pois isso me preocupava quanto ao tratamento quimioterapia”, relatou.
Daiane faz parte de uma estatística rara que define que uma a cada três mil mulheres desenvolvem câncer de mama durante o período gestacional.
Ela começou a notar que algo estava diferente em seu corpo quando já estava com 28 semanas de gravidez. Sentiu um caroço na mama e procurou auxílio médico. Desde então faz tratamento contra a doença.
Nessa quarta-feira, a servidora pública estava na sexta sessão de quimioterapia, das doze que deverá realizar, quando começou a sentir contrações. Depois de terminar a sessão e ser encaminhada para finalizar a consulta, a bebê nasceu inesperadamente.
Ela recebeu amparo das enfermeiras da clínica onde realiza tratamento e foi encaminhada para a maternidade para os demais cuidados.
“Do início das contrações até o nascimento foram 40 minutos. Não sabemos se parto antecipou devido às quimioterapia. Tive incertezas de como seria, mas sempre me mantendo bem e calma confiante e no final tudo deu certo”, ressaltou.
Daiane ainda deve passar por intervenção cirúrgica para a retirada do nódulo da mama. O tratamento está em pequena pausa, por enquanto, por causa do parto recente.
“Agora irei esperar 10 dias e retornar ao tratamento. Por enquanto, não posso amamentar. Aguardo apenas a recuperação do parto para voltar”, explicou.
Ayla é a primeira filha de Daiane, que tem dois meninos, sendo um de 16 e outro de 4 anos.
O médico oncologista que tratou Daiane, André Crepaldi, disse que casos como o dela são muito raros e pela situação delicada de ocorrerem em uma gestação, precisam ser investigados de forma rápida. Além disso, ele afirmou que o tumor dela é de um tipo mais agressivo, o que necessitava de uma intervenção rápida.
“Era um tumor relativamente grande e mais agressivo. O procedimento para esses casos é quimioterapia e depois cirurgia. Ela iniciou o tratamento e tudo sempre com o acompanhamento do mastologista da nossa equipe, Marcelo Mendes e obstetra, para preservar o neném. As quimioterapias quando realizadas depois do 3º mês de gestação, têm menor risco”, explicou o médico.
Câncer durante a gestação
De acordo com o hospital onde a servidora foi atendida, apesar de pouco comentado, o câncer de mama pode ser desenvolvido durante a gravidez.
O médico oncologista explicou que a mulher, ao notar um nódulo de padrão diferente no corpo, deve procurar um médico para constatar a possibilidade de ser um tumor.
Ele avalia que o tumor durante a gestação é mais difícil de ser detectado por causa de alterações hormonais que o corpo sofre, por isso, a necessidade de análise com afinco. “É algo muito incomum, mas uma em cada três mil mulheres pode desenvolver. Por isso, a necessidade de acompanhamento imediato”, disse.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que a cada ano do triênio 2020-2022, devam surgir mais de 66 mil novos casos de câncer de mama feminino no Brasil. A orientação médica é de que, ao notar qualquer padrão diferente em seu corpo, a mulher procura ajuda de um especialista para que, se constatado, seja tratado em fase inicial.